Bactérias
podem produzir algumas substâncias extracelulares
compostas principalmente de polissacarídeos (açúcares)
e formar o que se conhece por biofilme bacteriano.
O acúmulo dessas substâncias podem causar o entupimento
de um meio poroso e influenciar o fluxo de água
e o transporte de substâncias através deste meio
poroso.
A
formação destes biofilmes bacterianos pode ter
impactos negativos, causando o entupimento de
poços, por exemplo, através do abundante crescimento
bacteriano na região adjacente ao mesmo. Pode
ainda causar uma redução do fluxo em uma rede
de canos num sistema de distribuição de água,
através do acúmulo de massa bacteriana nos canos
ou mesmo através da corrosão dos mesmos.
Uma
das várias aplicações positivas dos biofilmes
bacterianos diz respeito à tecnologia de biobarreiras.
Biobarreiras são barreiras físicas formadas por
microrganismos num ambiente subterrâneo, com a
função de separar áreas adjacentes. Estas biobarreiras
são importantes para minimizar danos ambientais
após derrame de produtos perigosos, como óleo
e produtos químicos, separando os produtos perigosos
dos aqüíferos e corpos d'água.
Os
biofilmes também têm utilidade na indústria do
petróleo, no que diz respeito ao melhoramento
da recuperação do petróleo em zonas subterrâneas
permeáveis. Para entender melhor este processo,
convém falar um pouco sobre os métodos de recuperação
de petróleo. A produção de óleo convencional ocorre
em três estágios: primário, secundário e terciário.
A produção primária é o resultado da pressão interna
do reservatório de óleo que existe na formação
rochosa. Quando esta pressão interna diminui a
ponto de diminuir a produção de óleo, pode-se
então aplicar os métodos secundários. Estes consistem
na injeção de água através de poços injetores,
que empurrará o óleo da formação em direção ao
poço produtor. Quando a extração da água for maior
que a do óleo, o processo deixa de ser economicamente
viável. Um outro problema que pode surgir em tal
operação é que a água pode mover-se preferencialmente
através de um estrato mais permeável na formação
rochosa, podendo "ignorar" o óleo contido nos
estratos menos permeáveis. Géis, resinas, argilas
e cimento são exemplos de materiais comumente
usados como agentes tamponantes (obstrutores)
destas zonas de alta permeabilidade, com a finalidade
de redirecionar o fluxo da água que foi injetada.
No entanto, eles apresentam as desvantagens de
não penetrar profundamente na formação rochosa
e de ter alto custo.
Um
dos métodos que têm sido explorados para o tamponamento
ou obstrução de uma zona subterrânea permeável
é o das biobarreiras, que envolve o uso de bactérias
e de seus produtos metabólicos. A utilização de
microrganismos como um dos processos terciários
de recuperação do petróleo é referido pela sigla
MEOR (do inglês microbial enhanced oil recovery)
e atualmente vem recebendo interesse mundial.
Um destes processos, que ainda está em fase de
testes laboratoriais, começa com o isolamento
de linhagens de bactérias a partir de amostras
de água/óleo e que, após submetidas a um período
de desnutrição, tornam-se pequenas células arredondadas
(com aproximadamemte 0,4 µm de diâmetro), referidas
como ultramicrobactérias (UMB). Culturas de bactérias
são desnutridas em laboratório e as UMB então
podem ser injetadas no reservatório e serem carregadas
pelo fluxo da água até as zonas de alta permeabilidade.
Nutrientes específicos são injetados no reservatório
e as UMB retornam ao tamanho normal, multiplicam-se
e produzem cápsulas ou camadas gelatinosas extracelulares
(EPS) nas zonas de alta permeabilidade, formando
uma biobarreira, que irá bloquear os poros nestas
áreas e desviar o fluxo da água para as regiões
menos permeáveis do reservatório, resultando num
aumento da produção do óleo.
Outros
usos da tecnologia de biobarreiras, empregando
as ultramicrobactérias (UMB), estão sendo mundialmente
estudados e podem tornar-se comercialmente disponíveis
num futuro próximo.
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