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Toulouse-Lautrec: "Château du Bosc - La Terrasse" (1880) - Musée d'Albi nº71

Os aspectos que envolvem definições na área de Educação Especial estão diretamente relacionados com os momentos históricos da humanidade, suas crenças e seus valores. De acordo com o momento, a população acaba definindo "coisas" e "fatos" e dentre elas o conceito de deficientes.

Por muito tempo se pensou que as causas dos problemas dos deficientes eram de origem espiritual (o bem e o mal, maldição, benção ou castigo de Deus para a família ou para o próprio indivíduo), fato este que pode ter influenciado a não procura de recursos para promoção do desenvolvimento do indivíduo. Estes indivíduos eram isolados do convívio da sociedade e, dependendo do nível econômico da família, também de seu seio. Os asilos, presídios, hospitais de leprosos entre outros recebiam os deficientes, tão somente para abrigá-los, pois ainda não havia nenhuma preocupação com seu atendimento. Os deficientes que entravam nestas entidades raramente retornavam a sociedade.

A concepção organicista que teve início por volta do século XV, atribuía as origens da deficiência às causas patológicas orgânicas. A partir do século XIX, tempo em que ocorreram grandes descobertas no campo da biologia, saúde e medicina, houve uma grande produção de pesquisas, que buscavam curas físicas para os indivíduos portadores de deficiência. Diante desta postura, o deficiente passou a ser visto como "doente" e desta forma, passível de ser tratado e curado.

Instituições predominantemente religiosas e de caráter filantrópico foram as primeiras a prestar serviços, na expectativa de "devolver" estes indivíduos recuperados para a sociedade. Essa concepção influenciou os meios acadêmicos e sociedade em geral, durante cinco séculos.

Mais recentemente, nas quatro últimas décadas desse século, surgiu a concepção multideterminista que leva em conta a existência de uma interação complexa entre múltiplos determinantes (variáveis sociais, biológicas, culturais, sociais e psicológicas) na gênese e evolução dos fenômenos dos indivíduos portadores de deficiência. As discussões que permearam a elaboração desta nova concepção, dirigiram a um pensamento de que o indivíduo deficiente é produtivo e pode ser inserido na sociedade.

Essa mudança de concepção se deve em grande parte ao trabalho desenvolvido pelas ONGs, como a Sociedade Pestallozzi, a AACD (Associação de Assistência à Criança Defeituosa) e a APAE (Associação de Pais e Amigos do Excepcional) que iniciaram e ainda permanecem atuando na educação do aluno e no atendimento a família. Estas e outras instituições se caracterizam por manterem salas de alfabetização e também de ensino profissional, assim como atendimento às necessidades físicas, emocionais, sociais dos alunos, por meio de serviços de profissionais como: fonoaudiólogo, fisioterapeuta, professor de educação física, médico, dentista, psicólogo entre outros. As escolas especiais também auxiliam os pais e familiares na formação integral do deficiente.

Diante das concepções que envolvem a origem das deficiências, devemos refletir sobre a imagem que temos do deficiente e a partir daí rever alguns conceitos que acabam por determinar o preconceito e a discriminação.

(Primeira parte do texto de Educação Especial. Continua em um próximo número do Viva!)

Prof. Ms. Claudia A. Stefane
claustefane@hotmail.com

Educar vem do latim "educare", que por sua vez vem de educere: tirar uma coisa de outra e em outra acepção, criar e aperfeiçoar (Dicionário Enciclopédico Brasileiro). Isso significa que a educação deve servir para todas as pessoas, as normais e as deficientes. Porque todos, sem exceção, tem o direito de encontrar a si próprios e seu papel na sociedade. Todos somos seres no caminho da evolução.