Edições Antigas >> Edição n° 9 >> Matérias >> Ciências - Problemas de Leitura e Escrita

Os problemas de leitura e escrita, geralmente são percebidos somente no período de alfabetização. Assim que identificados, os pais ou os responsáveis devem procurar orientações de um profissional habilitado para que medidas adequadas sejam tomadas. Os principais problemas são:

1 - Dislexia.
Dificuldades situadas fundamentalmente nos processos mais básicos da leitura, isto é, no reconhecimento das palavras; atuando somente em uma das vias ou mecanismos utilizados para a leitura. Por exemplo, somente se o texto evoca um contexto familiar, podem atingir uma compreensão aceitável do mesmo. As causas podem ser: orgânica, psicológica, pedagógica, sócio-culturais, entre outras.

2 - Disgrafia.
É a dificuldade em passar para a escrita o estímulo visual da palavra impressa. Caracteriza-se pelo lento traçado das letras, que em geral são ilegíveis. A criança disgráfica não possui deficiência visual nem motora, e tampouco qualquer comprometimento intelectual ou neurológico. No entanto, não consegue idealizar no plano motor o que captou no plano visual. Exemplos: apresentação desordenada do texto; margens malfeitas ou inexistentes; espaço irregular entre as palavras e linhas; traçado de má qualidade; distorção de letras; separações inadequadas de letras; direção da escrita oscilando para cima ou para baixo, em suma uma má apresentação do texto escrito .

3 - Disortografia.
Incapacidade de transcrever corretamente a linguagem oral, pode haver trocas ortográficas e confusão de letras. Essa dificuldade não implica a diminuição da qualidade do traçado das letras. Essas trocas ortográficas são normais nas primeiras séries do primeiro grau, porque a relação entre a palavra impressa e os sons ainda não está totalmente dominada. Os principais erros que uma criança com disortografia costuma apresentar são:

  • Confusão de letras (trocas auditivas):
    • consoantes surdas por sonoras: f/v, p/b, ch/j;
    • vogais nasais por orais: an/a, en/e, in/i, on/o, un/u;
  • Confusão de sílabas com tonicidade semelhante: cantarão/cantaram
  • Confusão de letras (trocas visuais):
    • simétricas: b/d, p/q;
    • semelhantes: e/a, b/h, f/t;
  • Confusão de palavras com configurações semelhantes (copia pedreiro em lugar de padeiro).
  • Uso de palavras com um mesmo som para várias letras: casa/caza/, azar/asar, exame/ezame.

Considerando que ler eqüivale a reconhecer os símbolos escritos, podemos apresentar alguns componentes básicos envolvidos na primeira dimensão da leitura:

a. léxico interno ou léxicon.
Estrutura mental na qual residem nossos conhecimentos sobre o significado das palavras.

Pode ser concebido como um dicionário mental, com verbetes para cada uma das palavras conhecidas, em que figura o significado geral da palavra, bem como informação sobre sua categoria sintática e sua fonologia..

b. detectores de palavras ou logogens.
Possuem a informação sobre os traços característicos e invariáveis da forma de cada palavra contida em nosso léxico. Independentemente da variabilidade na tipografia e tamanho da escrita, precisamos somente de um único detector para cada palavra, que deve reunir os traços que sempre devem estar presentes e que são suficientes para distinguir uma palavra de outra, por mais parecidas que sejam

Contamos com diferentes detectores para a modalidade oral e escrita de cada palavra, o que corresponde à experiência comum de que o vocabulário visual e o oral não coincidem, de maneira que a expressão escrita das palavras que conhecemos nem sempre nos é familiar.

A ligação entre características do estímulo (palavra escrita) e um determinado logogen, abre ou ativa a entrada lexical correspondente. Isto pode ser realizado por meio de duas vias:

  • - Via lexical: emparelhar a palavra impressa com alguma representação interna (logogen). Desta forma quando a palavra escrita aparece diante de nossos olhos, extraímos dela seus traços característicos e os comparamos com os logogens que possuam alguns de seus traços. Aquele que se aproxima mais "ganha" e ativa a entrada lexical correspondente.
  • - Via fonológica: pressupõe a mediação da própria linguagem oral para obter o significado. Consiste em traduzir os símbolos gráficos, já analisados perceptivelmente, em fonemas. Tanto os problemas de escrita como de leitura podem ser superados com a intervenção adequada de um profissional, o qual poderá orientar a família e educadores para que os melhores procedimentos sejam adotados.
    (Terceira parte do texto de Educação Especial).

Fga. Milena C. C. de Siqueira
aoki@iee.efei.br
Prof. Ms. Claudia A. Stefane
claustefane@hotmail.com