Edições Antigas >> Edição n° 4 >> Matéria da Capa

Uma das leis mais verdadeiras que conheço é: cada um colhe o que semeia. Às vezes a notamos automaticamente, mas em geral não prestamos atenção nela porque os resultados aparecem tempos depois.

Essa é uma lei tanto individual como coletiva e planetária. Alguns chamam-na de lei da causa e efeito ou lei do Karma. Essa palavra, Karma, foi associada ao místico, mas vejam que não há nada de místico em colhermos o que plantamos.

Plantamos pensamentos, hábitos, atitudes e comportamentos, e a colheita se dá no nosso próprio corpo, nas situações de vida, no nosso convívio e no nosso Planeta.

Não é sempre fácil discriminarmos quais serão os frutos do plantio de hoje. O futuro é uma grande gama de possibilidades que vai sendo reduzida a cada escolha que fazemos. A escolha muitas vezes é feita às cegas, por que há muitas variáveis envolvidas, mas costumamos usar ferramentas para maximizar a possibilidade de colhermos aquilo que esperamos. Usamos a ética e a moral e também a história particular e global para nos basearmos. Não podemos antecipar ou prever o futuro com 100% de exatidão, porque não temos consciência de todos elementos envolvidos, no entanto podemos ter a nobreza de admitir que somos responsáveis por ele, na medida que ele é consequência do que somos, pensamos e fazemos hoje.

Mas por que nem sempre tomamos a responsabilidade em nossas mãos? Um dos motivos é que é bem mais fácil culparmos outras pessoas, e o outro é que podemos perder a noção da nossa responsabilidade dada a distância no tempo do resultado das ações que nós demos origem no passado.

Por que falo desse assunto agora?

Porque estamos chegando na virada do milênio e muito se comenta sobre o fim do mundo. Como se o fim do mundo pudesse vir com data marcada. O tempo terrestre é algo que nós humanos adequamos para nos organizar, além disso, quando aqui no Brasil estivermos comemorando a virada do milênio, no Japão eles já estarão almoçando no primeiro dia do milênio. Existem ciclos cósmicos sim, existem acidentes da natureza também, mas se por enquanto não temos completo conhecimento de como funcionam e do que os desendadeiam, deveríamos nos preocupar mais com a nossa parcela de responsabilidade própria, coletiva e planetária.

Atualmente existem problemas de fome, de violência, de superpopulação, de má distribuição de renda, ambientais, de extinção de espécies vegetais e animais, de poluição, etc. Temos bombas atômicas, armas químicas e biológicas para acabarmos com tudo por aqui. Mas esses problemas não estão relacionados a uma data específica, eles são um processo que foi disparado no passado e que todo dia pode ser reforçado ou revertido. Mudam os atos para melhor, mudam as consequências para melhor. Que tal seria o mundo se agíssemos com mais amor? Temos todos esses problemas hoje, mas temos também mais urgência, mais consciência e mais tecnologia do que no passado, para podermos plantar melhores sementes para o futuro.