Stephen
Kanitz escreveu um texto que discute esse tema,
abaixo está o artigo dele, praticamente
na íntegra.
Boa parte da história da humanidade transcorreu
em uma época na qual a maioria da população
vivia em pequenas vilas e cidades com no máximo
10.000 habitantes. Isso significa que havia, em
média, 200 pessoas em sua faixa etária,
que você conhecia por nome e sobrenome.
Nem todas eram simpáticas, brilhantes e
alegres como você, mas, se quisesse ter
amigos, você teria de aprender logo cedo
a aceitar as idiossincrasias e diferenças
de opinião. Muitos dos filósofos
da época escreviam sobre tolerância,
uma virtude necessária para os tempos.
Hoje, a situação é diametralmente
oposta. A maioria da população brasileira
vive em grandes centros urbanos, fenômeno
com menos de quarenta anos de existência.
Ainda não aprendemos a conviver com essa
nova situação. Por exemplo, nem
dá para pensar em conhecer as 100 000 pessoas
em sua faixa etária de sua metrópole.
De quarenta anos para cá, começamos
a fazer algo que nossos antepassados não
podiam: selecionar nossos amigos.
Podemos, agora, criar um seleto grupo de amigos,
gente-como-a-gente. Pessoas com os mesmos interesses,
com as mesmas manias, que pensam politicamente
do mesmo jeito, que têm os mesmos gostos
e opiniões.
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