Edições Antigas >> Edição n° 8 >> Matéria da Capa
Foto: Cândida de Godoy, 1989

A arte é uma forma de expressão que surge a partir da necessidade de expressão, comunicação e prazer. É sinônimo de organização de significados: percepção e pensamento transformados em expressão. A arte absorve todo o universo simbólico em movimento e ordena as experiências humanas, criando novos sentidos para a vida.

A curiosidade é a mola propulsora, que confere às pessoas a possibilidade de realizar novas descobertas a cada dia, novas leituras sobre o mundo. Assim, a experiência artística gera conhecimento, modos de pensar e agir que refletem valores singulares e universais das diferentes Culturas.

O pintor Matisse dizia que "é preciso ver todas as coisas como quando se era criança; e a perda dessa possibilidade nos retira a de nos exprimirmos de uma maneira original, isto é, pessoal." A maneira como enxergamos norteia nosso caminho.

A articulação destes conteúdos parte da concepção de arte enquanto processo de investigação.

É da natureza da arte este permanente percurso, que pressupõe curiosidade, processo criativo, universo lúdico, pesquisa e descoberta. Faz-se necessário, portanto, evidenciarmos com qual visão compreendemos a arte/o trabalho com arte.

Portanto, reforço aqui a crença numa concepção de pesquisa, de diversidade.

O educador tem a missão especial de provocar, instigar, saber perceber seus sinais sobre as necessidades das crianças. Trabalhar com propostas claras, um projeto pedagógico que privilegia a educação estética visando a construção de consciência crítica para o exercício da cidadania.

Cultivar a diversidade de atividades e o desenvolvimento continuado de experiências prazerosas faz com que novas necessidades e novos hábitos sejam incorporados ao cotidiano das crianças.

Saber interferir no sentido de promover o interesse e a valorização do trabalho de todas as crianças de um grupo, considerando que o potencial de cada um é diferente.

Assim, é necessário trabalhar para que a criança avance, sempre respeitando o ritmo individual e a dinâmica do grupo, fortalecendo-se a autoconfiança, a auto-estima, a autonomia, aumentando o envolvimento e tornando cada vez mais vigorosa e interessante a produção expressiva. Para se garantir a efetividade e a seriedade destas práticas, há que se pensar que a educação do educador é um pressuposto para se manter as experiências criativas presentes. Ou seja, é essencial que o educador tenha vivências em arte, um projeto pedagógico articulando seu fazer e as experiências que desenvolve com as crianças, estabelecendo diferenças entre elas. Cada projeto educativo é uma nova proposta de prática investigativa, uma dinâmica que apresenta às crianças uma postura de pesquisa, de ser curioso a cada instante, de construir uma prática que se questiona e se fundamenta continuamente.

Concluindo, ao educador cabe principalmente o compromisso com essa concepção de educação, arte e valores humanos que resultam em valorização dos potenciais criativos, educação estética e consciência do ser.

Cândida de Godoy
Tel: (011) 3231-0307