Edições Antigas >> Edição n° 6 >> Matéria da Capa

" Psique, cujo nome significa alma, era uma princesa mortal, tão bela que despertou o ciúme de uma Deusa - Afrodite, ou Vênus. Afrodite, sentindo despeito, decidiu punir a princesa por sua beleza, para a punição resolveu usar seu filho Eros, O Deus do Amor.

Enquanto Vênus tomava essa decisão Psique, por ordem de seu pai, que havia sido instruído a fazê-lo por determinação de um oráculo, era amarrada a um rochedo para que fosse desposada por um monstro marinho.

Eros que se encaminhava ao local para destruir Psique como mandara Afrodite, viu a princesa e ficou tão desnorteado com a sua beleza que se feriu com uma de suas próprias flechas, apaixonando-se pela mulher que deveria destruir.

Psique foi transportada pelo vento para o Palácio de Eros. Quando estava quase adormecendo, Eros foi encontrá-la, estava escuro e ela não podia vê-lo, somente ouví-lo, sua voz era doce e terna, dizia-lhe que era o marido que lhe fora destinado. A união foi celebrada, mas Psique encontrava Eros somente à noite. Havia-lhe prometido que se contentaria dessa forma e que não tentaria ver seu rosto.

Os dias transcorriam tranquilos, Psique estava feliz e nada lhe faltava. Mas Psique tinha duas irmãs invejosas, elas lhe diziam que Eros deveria ser um monstro, para impedí-la de vê-lo. As suspeitas de Psique começaram a crescer até que uma noite ela resolveu acender uma lamparina para ver o rosto do marido e se fosse um monstro, matá-lo, rompendo assim a promessa feita a Eros. Ficou boquiaberta ao perceber que a seu lado não havia um monstro mas sim o homem mais belo que jamais vira. Neste momento, incidentalmente feriu-se com uma das flechas de Eros, apaixonando-se por ele. Mas, por descuido, Psique derramou uma gota do óleo fervente da lamparina no ombro de Eros que acordou enfurecido ao perceber que ela o traíra, sem dizer palavra, voôu para longe.

Neste instante o magnífico Castelo desapareceu, e Psique se viu sozinha sem o marido que acabara de descobrir que amava.

Psique ficou inconsolável, tentou se matar, armou contra as irmãs que haviam provocado seu infortúnio, pediu em vão colaboração para outras divindades, sofreu e errou por muitas paragens. Até que já sem esperanças entregou-se a Afrodite imaginando que talvez pudesse conseguir redenção e recuperar o amor perdido sujeitando-se à sua ira, ou mesmo talvez encontrasse Eros no Castelo da mãe. Afrodite após punições severas imputadas a Psique, deu a ela uma série de tarefas, que mais poderiam ser chamadas de castigos, quase impossíveis de serem realizadas. Mas Psique, com ajudantes mágicos, as foi cumprindo uma a uma, sem nenhuma garantia de que se reuniria a Eros. A primeira tarefa foi separar vários tipos de grãos, que Afrodite havia misturado em uma única pilha, Psique conseguiu concluí-la com a ajuda de um batalhão de formigas. A segunda tarefa foi colher a lã de ouro de carneiros selvagens. Eles possuíam chifres afiados, uma mordida venenosa e viviam num vale inacessível, nesta tarefa contou com a colaboração de um junco que ensinou-a a colher os fios de lã que despreendiam dos carneiros e ficavam presos a arbustos. A terceira tarefa imposta pela Deusa foi encher um cântaro de água de uma fonte temerária que brotava no alto de uma montanha e era guardada por ferozes dragões que nunca dormiam. Mais uma vez Psique foi bem sucedida, auxiliada por uma águia. A última e mais difícil tarefa foi trazer do Reino de Hades (o mundo inferior), de onde nenhum mortal jamais havia retornado, uma caixa repleta de belezas imortais, para Afrodite. Nesta tarefa contou com o apoio de uma torre, que impediu-a de suicídio, instruiu-a como proceder na tarefa e ainda deu-lhe moedas para pagar o óbulo a Caronte (o Barqueiro que conduzia as almas) e bolos para apaziguar Cérbero, o cão guardião do Hades.

Eros, finalmente, vendo todos os sacrifícios de Psique perdoôu-a e já pressentindo a reação da mãe foi até Zeus (o Deus do Olimpo) suplicar para que ele intercedesse e permitisse o casamento com Psique, a quem nunca deixara de amar. Zeus consentiu com o casamento e além disso ordenou a Afrodite que deixasse Psique em paz.

O segundo casamento de Eros e Psique foi celebrado no Olimpo. Zeus concedeu à Psique o dom da imortalidade e Eros foi humanizado pelo amor à Psique, de quem não precisava mais esconder o rosto".

O amor humaniza, diviniza, unifica e liberta. Ame!

Para saber mais:
Mitologia Grega (Vol. 2).
Junito de Souza Brandão. Ed. Vozes

O Herói de Mil Faces.
Joseph Campbell. Cultrix/Pensamento