O
I Ching é um livro chinês que tem como um dos intuitos
servir de oráculo.
Originalmente sua consulta era feita através de varetas
de caule de milefólio, uma planta considerada sagrada.
Hoje existe uma simplificação do método utilizando-se
três moedas que são jogadas 6 vezes consecutivas formando
um hexagrama. A estrutura do livro é baseada em 8 trigramas.
A combinação de pares de trigramas formam, finalmente
64 hexagramas. Lendo o texto explicativo do hexagrama
obtido encontramos nossa situação retratada fielmente,
e com dicas de o que fazer. Isto acontece sempre, incondicionalmente.
O I CHING sempre acerta. Como isso pode ocorrer? Como
um livro escrito há no mínimo 3.000 anos pode saber
o que está acontecendo com cada pessoa em cada momento
da sua vida? Seria acaso?
Acho
que seria mais provável recuperar integralmente uma
gota de água lançada no oceano do que o I CHING acertar
sempre por uma sucessão de acasos. Existe alguma força
atuando em nossas mãos enquanto lançamos as moedas?
Ou esta força atua enquanto as moedas estão no ar, antes
de cairem na mesa?
Minha educação seguiu as normas da cultura dominante:
"não acredite em nada que não tenha comprovação científica".
Ainda que ninguém saiba o que é exatamente ciência.
E foi neste clima que eu decidi visitar em janeiro de
1990, pela primeira vez, um astrólogo. Qual não foi
a minha surpresa quando percebi que ele, sem nunca ter
me visto antes, falou durante 3 horas sobre minha mais
íntima constituição psíquica. Com o I CHING aconteceu
a mesma coisa, só que meu espanto foi outro: como um
livro, já escrito a milhares de anos, consegue estar
sempre atualizado? Atualizado sobre tudo em qualquer
época?
Percebi que minha formação, supostamente científica,
não tinha o menor valor frente ao mundo. Havia aprendido
que Deus era uma invenção humana para aliviar a falta
de sentido que a vida apresentava, ou no máximo contra
o medo da morte, e agora estava diante de uma realidade
onde existiam forças desconhecidas e conecções entre
os diversos eventos: psicológicos, sociais, políticos
e espirituais, e que jamais havia sido informado disso.
Nove anos depois, percebo que não é o I CHING que funciona,
eu é que estava acostumado com um mundo fragmentado,
onde as partes não compunham o todo e o homem é que
fazia as coisas funcionarem inventando o conhecimento.
O chamado método mecanicista usado atualmente prevê
que para cada efeito cabe uma causa, logo defina as
causas e controlará os efeitos. A paisagem do mundo
se reduziu aos efeitos cujas causas conseguíamos definir.
Não existindo efeitos casuais, ou seja, sem causa, e
como havíamos matado Deus (Nietzche) simplesmente tivemos
que subtrair do cenário uma série de fenômenos, que
hoje recebem o nome de místicos.
Quem,
ou o que, criou o homem criou também o I CHING. Hoje,
para mim é tão espantoso o fato de o I CHING funcionar
como o fato de termos inventado uma cultura que não
acredita em I CHING. Nossas verdades apenas nos protegem
contra a consciência de nossa insignificância perante
o cosmo. O que rege o cosmo rege o homem e também rege
o I CHING. O I CHING funciona porque é uma manifestação
autêntica do cosmo. Aí você vai me questionar o que
eu chamo de autêntico. Autêntico é essa característica
que tanto nos impressiona quando algo funciona através
da força cósmica. Se você acha que eu fiquei em círculo,
espere até você jogar I CHING pela primeira vez!
|